quinta-feira, 18 de junho de 2009

Tudo mais ou menos

João tinha uma vida bem mais ou menos, um emprego mais ou menos, um ap, alugado, mais ou menos, uns mais ou menos amigos, um carro mais ou menos. Nada em sua vida era totalmente ruim mas também não era totalmente bom. Nem mesmo seus CD's escapavam, eram todos piratas, comprados na Uruguaiana's Mall, assim como suas roupas. Seu salário que também era bem mais ou menos não dava para comprar roupas boas. Essa vida mais ou menos não o desagradava totalmente, por isso não se esforçava para sair deste Limbo vivencial. Era até feliz em certos momentos, fugazes é bem da verdade mas não tinha do que reclamar, estava empregado, tinha saúde, tudo bem que que tratava de suas hemorroidas a 3 anos, mas não iria morrer disso, tinha casa comida etc. Algo em sua vida o incomodava mas ele não sabia bem o que.

Toda segunda quarta-feira do mês era um dia esperados por todos na empresa, era o dia que Seu Aroldo levava todos os 5 para almoçar em um lugar descente. Acredito que dessa forma ele meio que pedia desculpas por pagar salários tão baixos. João tinha um cargo intermediário, tinha responsabilidades mas sem muita autonomia, praticamente tudo que teria que decidir tinha que pedir a benção de Seu Aroldo. Bem na terça a tarde João foi incumbido de confirmar a reserva do dia seguinte. A ordem através de post-it rosa colado no meio da tela do seu computador com os dizeres "confirme o almoço" e um número de telefone escrito abaixo. Imediatamente tomou o resto do café em um gole só, amassou o copo de plático jogando-o no lixo e pegou o telefone. João nunca imaginaria que aquele ato mudaria sua vida por completo. O telefone tocou uma, duas vezes, e uma voz feminina atendeu do outro lado. Tudo confirmado para o dia seguinte, mesa para 5 assim como os pratos, peixe para Seu Aroldo e massa para os outros 4.

Naquela noite João não conseguia dormir, aquela voz não saia de sua cabeça, ele nem sabia porque, não havia nada de especial nela, não era sensual muito menos suave, mas ele fritava na cama imaginando como seria a dona daquela voz. Assistiu a todos os filmes do corujão e programas toscos da tv, mas seria incapaz de dizer o que havia assistido pois tudo que povoava a sua mente era como aquela mulher seria. Estaria ele apaixonado pela aquela voz? Seria isso possível? Se apaixonar por uma voz? Estaria ele ficando louco? Pois é não conseguiu pregar o olho a noite toda e com imensas olheiras foi trabalhar a base de doses cavalares de coca cola e café amargo.

A manhã se arrastou feito uma lesma cansada, abasolutamente nada aconteceu. João não recebeu nem mesmo um email, não atendeu a um telefonema. Isso era bom e ruim ao mesmo tempo, bom porque estva sem saco para trabalhar e ruim porque assim seus negócios iam mal, bom porque assim não teria que falar com Seu Aroldo e ruim que o tempo demorava mais a passar. As dez e meia decidido pegou o jornal e se dirigiu para o banheiro decidido que só sairia de lá na hora do almoço. Leu o jornal de cabo a rabo, sabia dizer da cotação do yene a programação da Tv.

Às 11:49 em ponto saiu do banheiro e encontrou todos já protos para o almoço, mas uma coisa não saia de sua cabeça como seria a dona daquela voz?

To be continued...

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